segunda-feira, 19 de novembro de 2007

sábado, 6 de outubro de 2007

antes da despedida

Não é só Coimbra que tem mais encanto
Na hora da despedida
O sorriso das crioulas de Cabo Verde também
Do Mindelo até à Brava

A saudade daqui sente-se antes da partida
O teatro é muitas vezes a vida sofrida de alguém
Povo belo,
dignas gentes
Esperando a chuva da sorte
antes da morte

Têm pouco mais do que nada
E sorriem mais
Do que muitos
que demasiado tendo
Não têm tempo
para sorrir

Mais vale tarde do que mais tarde
É o lema do tempo
neste espaço
Embalado por uma morna
Ganho coragem
para conseguir partir

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

mudança, o fractal do destino


Mudar é continuar, não mudar é impossível. Quem não acredita na naturalidade das mudanças não se olha no espelho e pensa que a mesma água passa mais do que uma vez por baixo da mesma ponte.

Cada momento tudo muda. Tudo renasce com a velocidade com que o tempo foi embalado com o primeiro dos impulsos. Cada mudança é a vida no seu movimento.

Mudar de pele. Mudar de opinião.Mudar de carro. Mudar de companhia. Mudar de religião. Mudar de sítio. Mudar de clube. Mudar de médico. Mudar de casa. Mudar de roupa. Mudar de aspecto. Mudar de atitude. Mudar de partido. Mudar de direcção. Mudar de posição. Mudar de ares. Mudar de disposição. Mudar de comida. Mudar de bebida. Mudar de carruagem. Mudar de sentido. Mudar de planos. Mudar de objectivos. Mudar de desejos. Mudar de caminho. Mudar de emprego. Mudar de profissão. Mudar de nacionalidade. Mudar de relógio. Mudar de tempo. Mudar de percepção. Mudar de história. Mudar de página. Mudar de gosto. Mudar de solução. Mudar de problema. Mudar de país. Mudar de hábitos. Mudar de rotina. Mudar de sonhos. Mudar de vicios. Mudar de prazer. Mudar de andar. Mudar de sexo. Mudar de coração. Mudar de namoro. Mudar de crença. Mudar de mensagem. Mudar de linha. Mudar de rua. Mudar de ordem. Mudar de propriedade. Mudar de sociedade. Mudar de ânimo.

Eu neste exacto momento estou a mudar o paradigma do meu viver; depois de seis anos a 210 kms da grande cidade, num eremitério sazonal voluntário, vou-me aproximar de novo de Lisboa e reactivar o meu ser urbano. A estátua viva em que me transmuto, vai assim, aparecer mais vezes nas ruas da Capital preparada para muitos combates de quietude com o stress da sociedade actual e com todos aqueles que ainda não perceberam que o Homem- estátua é acima de tudo uma interiorização da minha luta pessoal por uma sociedade mais justa. O coração da minha estátua viva explode quando até entre ditos artistas e até ditos amigos, verifica o infame jogo desenfreado da concorrência capitalista por mais uns trocos e os outros que se fodam!

Na minha mudança de agora está contida a resposta a todos aqueles que esqueceram o valor da fratenidade, da solidariedade e do respeito.




terça-feira, 4 de setembro de 2007


O Complexo de Cassandra teima em invadir-me o pensamento. Eu tento escapar-lhe na raia das fronteiras da razão. Sinto-me de novo triste com o entendimento que alguns fazem do meu amor e é dentro dos nervos de aço da estátua viva que também sou, que tudo se resolve, espraiando energia e recebendo luz de todos os olhos que me entendem. Saio de quadros pintados pela incompreensão e pela mania materialista da posse e entro no espaço vazio da energia primordial, onde nada disso faz sentido, onde tudo isso são ninharias constituintes do futuro ainda sem tempo.

quinta-feira, 22 de março de 2007

mais um momento livre

É Janeiro de dois mil e sete
e estou no fim do mês,
granizo no telhado
efeito retardado
do mau olhado

Agora é sempre a seguir
o granizo já não cai
chillout nas orelhas
tempestades inconformadas
a rasgar o coração

São dez e é da noite
orelhas no coração
chillout na razão
Hegel ou Camões
Fodas ou castrações

A minha procura afasta
o querido do desejado
e o meu ser cria medos
de se poder ser assim
conhecedor da dor de estomago
que é a roupa da fome
e sei que se pode ser feliz com menos
daquilo que se tem

Sou eu e as estátuas que me representam
não cumpro ilegalidades decretadas pelas maiorias
acredito na simplicidade
como arma
para salvar a nossa presença no mundo