segunda-feira, 31 de outubro de 2011

desabafo


A quem me mente

Ofereço o doloroso desprezo da desilusão


A quem me desconsidera

Ofereço toda a possibilidade de me conhecer

Para não errar na desconsideração

A quem erra comigo

Ofereço a possibilidade de corrigir o erro

Porque quem sabe que erra, sabe que saiu do caminho

A quem me ama

Ofereço uma estrela nova de cada vez que fico feliz por sentir isso a dois.

A quem me trai

Ofereço o silêncio das memórias da cumplicidade do prazer.

Dizer assim e fazer assado já é estratégia de rival.

A quem me falta ao respeito

Ofereço o meu peito para a vida ou para a morte

Na circunstância de cada causa


terça-feira, 25 de outubro de 2011

instantâneos 2011.1



Na bondade do carácter faço

Amigos daqueles

que podem ser cruéis

Nasci só e sózinho morrerei

Na partilha

da desgraça com outros desgraçados

alivia-se a minha dor

sexta-feira, 21 de outubro de 2011


Neste mundo de notícias sem novidade

O folheto da minha vida já se foi

À moderna ou à antiga

O que conta é agora

Na coerência da teimosia

E daquilo com que o destino me faz entender

Aqui navego

Agora

E a esta hora

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

há uns anos em Sevilha




Há uns anos em Sevilha, alguém deixou escrito no meu caderninho de opiniões: ' Qué pequeña es la luz de los faros del que sueña con la libertad' Con toda mi admiración,', não assinou....

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

dedicatórias


A quem me mente

Ofereço o doloroso desprezo da desilusão

Quem diz coisas falsas ,sabendo da sua falsidade e esperando comunicar que são verdadeiras,

está a mentir


A quem me desconsidera

Ofereço toda a possibilidade de me conhecer

Para não errar na desconsideração


A quem erra comigo

Ofereço a possibilidade de corrigir o erro

Porque quem sabe que erra, sabe que saiu do caminho


A quem me ama

Ofereço uma estrela nova de cada vez que fico feliz por sentir isso a dois.


A quem me trai

Ofereço o silêncio das memórias da cumplicidade do prazer.

Dizer assim e fazer assado já é estratégia de rival.


A quem me falta ao respeito

Ofereço o meu peito para a vida ou para a morte

Na circunstância de cada causa



terça-feira, 4 de outubro de 2011

mutação (à laia de testamento)


Sinto-me num ponto de mutação acelerada da minha existência. Quando medito sinto apertos no peito . Quase a chegar aos 25 anos a criar e a apresentar estátuas vivas, a minha vida materialmente vale menos do que uma estátua banal. Contudo, na individualidade que consegui manter, transporto o valor máximo de qualquer existência, a liberdade e a decisão própria. Quando parei pela primeira vez nas Ramblas de Barcelona, foi fruto de querer ficar sozinho durante a viagem da normalidade. Hoje, em muitas cidades do mundo, existem já habitualmente estátuas vivas, são elas os monumentos em minha honra. O monumento em minha memória, posso ainda ser eu a deixá-lo pronto. O meu corpo embalsamado, com as novas técnicas de preservação de tecidos mortos, será uma excelente e oportuna recordação daquele que teima em fazer entender a parte do mundo das pessoas, que ‘quando os lábios estão imóveis as palavras estão em ordem.’ Quem me olhar nesse pláusivel futuro, poderá apreciar a estátua única do homem-estátua. Será a estátua-morta a fazer perdorar nas coisas, a memória deste eu que comunica com os outros maravilhosamente bem, enquanto assumindo representações várias de estátua viva.

Vamos a ver como estará o entendimento dos homens das leis e do poder, na altura do acontecimento.