terça-feira, 17 de setembro de 2019

Desilusão2.019

Mudas o tamanho da letra

 para poderes escrever melhor

E começas a escrever

A velhice não perdoa e não é só na vista

A tesão pode ser a mesma

Mas a mecânica corporal reage com frequências mais longas

Cada maleita traz outra atrás

Se não tens seguro tás fodido

Se és sem abrigo, estás nas mãos do acaso

Ou de Deus (há ainda essa doença)


e por estas e por outras que daqui nascem

És abandonado

Como se nunca nada te tenham prometido

Porque tudo tem desculpa

perdão é que não pode ter


Mas o que interessa é conseguires ser

No mínimo aquele que eras antes

Porque o que fores a mais

Pode ser contaminação 

Do sonho que viveste

a pensar que era real

Vai o mundo de  mal a mal

O respeito agora é retórica

E o amor está contaminado com paixão 

cheia de  vida própria

Sem nada de concreto na direcção


Que se foda 

Prepara-te para outra 

mesmo adivinhando

Que te poderá acontecer uma repetição 

Bem parecida

De belo sorriso

Como aquelas que já passaram


Desilusão2.019 hãToino de Lírio

in ''Poesia com azia''

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Tempo do Cansaço

Assim como não há Caminho sem obstáculos, não há Caminhada sem Cansaço. Por vezes tenho que arriscar a vida para seguir o meu querer. Aqui e agora é útil não falar muito e utilizar a tranquilidade para estabilizar a força que me falta. Não está longe o momento em que alcançarei a nascente de outras águas puras, com as quais recuperarei todas as energias que agora não tenho. Escondida em qualquer recanto da minha tristeza, deverei guardar um pedacinho de alegria, que me aguentará até chegar à nascente.
No meu interior, mesmo diante deste momento, existe um poço que me atrai para as forças mais obscuras da existência. Deverei manter o alerta para não esquecer que o poço apenas servirá para me matar a sede e não afogar-me até à morte. 
A causa imediata desta angústia sofrimento foi a minha teimosa crença na beleza; tanto contemplei a princesa do meu amor que me fui esquecendo que só contemplando as diferenças entre os humanos, poderei organizar o meu mundo no mundo dos outros.
Posso e devo fazer muitas coisas apesar das maleitas vindas de trás, somadas ao choque que agora sofri. Valha-me o Poder que sinto, mais forte do que qualquer possível bruxaria antiga ou de agora, que me tenham lançado.
São as pessoas inferiores que limitam e oprimem as pessoas superiores. Mesmo os caciques, déspotas e ditadores, só limitam e oprimem os povos, utilizando como cães de guarda os seres mais inferiores desses povos. É pois falsa a acusação de que fui alvo, eu nunca limitei ou oprimi alguém, no máximo poderei ter sido demasiado cuidador ( mesmo agora estou a cuidar da minha dor).
Mais uma vez amar alguém sem reservas me conduziu a esta parte do meu destino onde reina a mágoa. Entretanto se permanecer fiel a mim mesmo, não haverá escuridão nem melancolia, que me arrastem para caminhos sem esperança.
Vai doer mais e mais tempo, contudo são as dores os alarmes de segurança dos seres vivos. Se me não doesse a morte da minha querida mãe há um mês atrás, somada à  dor do choque do auto-afastamento da minha princesa, se nada me doesse, escrevia eu, aí sim estaria já morto.
Apetece-me partir, deixar para trás tudo o que construí com amor a pensar numa vida a dois, mas não o devo fazer, estou doente e impreparado.
Acabou-se o tempo de encontrar a minha princesa, ela decidiu partir de mim. No vazio dela que dentro de mim ficou, jaz agora bem morto, o princês, que ela em mim tinha construído com a sua bela voz e sorriso.
Filho, quanto mais te doer, mais deves levantar a cabeça! frase sábia da pessoa simples que é o meu pai.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Abaixo o PIB, viva o FIB

Desculpai-me senhores do poder, mas quando me impõem que tenho que fazer isto e aquilo para aumentar o PIB da nação, aquilo em que cada um de vocês pensa e deseja é no vosso FIB ( felicidade interna bruta). Aumentar o PIB é uma desculpa para serem mais felizes, à conta da infelicidade de quem vos põe no poleiro e depois vos paga as contas.
Abaixo o PIB, viva o FIB, mas não só o vosso. Eu e todos os outros também somos gente.