terça-feira, 23 de outubro de 2012

ao Zé Ramalho


Hoje, muitos anos depois, estive novamente num cemitério, essa estação só de ida, onde nos vamos despedir daqueles que antes se despediram de si mesmos. Hoje, reflecti profundamente, uma vez mais sobre o valor da vida e reforcei a minha opinião de que a vida tem mais sentido quando a sentimos próximos de alguém. Por isso nos dói a ida dos que nos são queridos, estávamos mais vivos com eles por cá.
Hoje, fui-me despedir do Zé Ramalho, pessoa boa.  E, quando alguém se lembrou de fazer voar bolinhas de sabão por cima do caixão, foi dentro de uma delas que coloquei a minha mensagem de despedida, só legível do lado de lá das chamas. 
Quando o  corpo  do Zé  ardia nas chamas que transportaram a sua matéria  ao reencontro da sua alma, ouviu-se na sala a mais intensa salva de palmas que escutei até hoje. Hoje até o circunspecto senhor da funerária bateu palmas levado pela intensidade do momento.  Foi bonito, não foi,  Zé? 
inté....''