quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Deus é imaginário


Agora com mais este burburinho dos padres e outros interessados na sagrada condição da bíblia, a burburinharem sobre as ideias que Saramago - o nobel, afirma no lançamento de mais um livro. A mim, que desde criança vejo deus como personagem imaginário, isto dá-me vontade de rir e às vezes até vontade de chorar. Rir porque não tenho outra forma mais hilariante de reagir ao humor dos ditos crentes quando burburinham sobre o assunto e chorar porque as fogueiras da inquisição se podem reacender a qualquer momento...eles andam aí.
Qualquer organização criminosa que se proponha negar a cada individuo a condição de ser feliz em si, nem necessidade de felicidades divinas, deve ser atacada sem medo, já que com a palavra medo têm eles semeado muita dôr. Vergonha é coisa que conhecem pouco.
Deviam estar calados. Do sobrinho/filho de Saramago, e do que este nos conta dele, escreverei mais tarde.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

rituais


Nos rituais judicialmente não sujeitos a penalização que possuo, está também contida a capacidade de estar a sós comigo. Quando os pratico viajo entre o vício e o prazer, de uma forma equilibrada, no caminho da Grande Resposta.
As Perguntas que ninguém me consegue responder, nem bem nem mal, agitam-se dentro de mim, nos rituais de silêncio e de caos da minha forma de meditar.
Normalmente existo, nos rituais conjugo-me.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

aniversário 47


Do ponto de vista legal, nasci para a sociedade há 47 anos. Do ponto de vista holístico, existo desde o princípio de tudo. Tenho a idade de qualquer início. Hoje ao beber uma Pera Manca branco, com o meu amigo Ferraz e antes de ontem ao beber uma Vinha Grande tinto, com o Mamé, o meus neuróneos conectaram-se com os seus ancestrais primos do Grande Início de Tudo. Neste meu aniversário senti verdadeiramente a idade da minha consciência. Entre todo o tempo que cerca tudo aquilo que já foi aquilo que eu sou e aquilo que irá ser o que agora sou eu, reside toda a metafísica biocósmica da matriz que me transporta. Quando o povo diz: muitos e bons é o que eu desejo! Está a desejar a melhor interpretação possível da fórmula da relatividade. Tenho a certeza de que daqui a um ano estarei por algum lado, não posso garantir em que nível de consciência, nem em que estado de transformação.
Na mutação constante que tudo é, sinto-me bem com esta ideia de mim.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Koan Português


Ken Ken
ser iluminado
que sempre instrui
Na navegação das poeiras
Que
vão sendo

Kensho
Satori orgásmico de essências
Altivo ser
livre de quase tudo
para poder apenas ser-se

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Linz 2009

Hoje tive a grata surpresa de receber um magnifico livro de fotografias, publicado no âmbito de Linz capital europeia da cultura 2009. Lá dentro outra alegria, duas fotos de performances minhas em Linz, ocupando três históricas páginas.
Quando em Portugal a minha arte for assim reconhecida, terei oportunidade de ser mais feliz.

momento

Estou num tempo em que me sinto bem a acelerar sem vírgulas
E me sinto ainda melhor a descansar sem pontos finais

Nem vendedor nem escravo
Apenas construtor de mim
sem precisar de mais nada

Tenho a consciência do Todo e do Vazio
e entre todas as certezas que tenho
circulam todas as dúvidas que as suportam

domingo, 5 de julho de 2009

realidade


Quando sinto estou vivo

quando sonho também

entre os meus cinco sentidos

e as surpresas da minha imaginação

existe o mundo

em que eu vivo

sexta-feira, 19 de junho de 2009

LEVITAÇÃO ESTÁTICA


Apresentei hoje, pela primeira vez em Portugal e no mundo, a minha segunda 'figura quase impossível'. Na semana passada tinha apresentado a primeira no festival Folkigata na Noruega. Preciso ainda de limar algumas arestas, mas o objectivo está conseguido: reacção das pessoas acima do esperado. A terceira figura está já em construção.

Estas performances têm como base antigas ilusões de levitação indianas, que eu transformei e adaptei à minha quietude expressiva.

Vinte e dois anos depois de ter encontrado na quietude a minha arte, continuo em grande forma ( queiram perdoar-me a imodéstia).

quinta-feira, 21 de maio de 2009

despacho


É impressionante como ainda há pessoas que com um simples e frio despacho, despacham a vida de outras pessoas. Vinte e quatro anos de legalidade, de pagamento de licenças, de frio, de sol, de chuva e de dificuldades várias, não foram suficientes para que a Sra Vereadora Ana Sara Brito, tivesse um pouco de respeito pelos artesãos da rua augusta. Despachou dia 19/09 para expulsar dia 20/09. Sem qualquer pré aviso formal. Gostava de ver essa senhora a despachar da mesma forma sobre o destino da sua família. Como alguém ligada à acção social deve saber bem o drama que está a causar a estas simples pessoas.
Não quero aqui discorrer sobre a natureza precária das licenças, nem sobre a qualidade das alternativas apresentadas, apenas quero deixar bem claro que o modo de operar foi criminoso. Lidar com o destino de qualquer pessoa é um acto que requer mestria e bom senso e isso não se vislumbra nesta atitude tomada por esta pessoa.
A baixa cada vez está mais impessoal e mais entregue aos abutres, uns mais vigaristas, outros mais com a mania de importantes.
Eu há 22 anos que apresento as minhas estátuas vivas na rua augusta. Quando qualquer despachante me quiser dali despachar vai ter que ter mais paciência do que frieza, vai ter que ter mais teimosia do que maldade, vai ter que ter mais coragem do que certezas, vai ter que ter mais força do que decisão, e se mesmo assim me conseguir despachar, eu já irei do outro lado da vida a rir-me com desdém destes simulacros de pessoas que fazem do seu poder o sofrimento dos outros.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Vícios


Os vícios são atalhos para a felicidade onde caminhamos no fio da navalha do destino.
Uns com drogas, legais e ilegais, outros com jogos, de sexo, de sorte e de azar; uns com dinheiro, segurança e comida, outros com roubo e mentiras. Um viciado é um zombie do seu objectivo imediato. Um viciado sabe bem o que é bom e o que é mau para si mesmo e tudo isso esquece em frente ao conforto da matança do seu vício.
De todos os vícios, o vício de matar é o mais perigoso para todas as partes e andam por aí muitos víciados desse vício.

sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril


Apesar da Liberdade ainda ser mais para uns do que para outros, quero lembrar hoje que nalguma coisa valeu a pena aquele dia. O poema que a seguir transcrevo é uma enorme homenagem.



Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo


Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, 10 de abril de 2009

pensamento molecular


Já vai em três semanas que pratico diáriamente exercicios psicofísicos que levam a minha mente às fronteiras da origem. Tendo como base a respiração holotrópica testo limites do meu sentimento e espero assim crescer em direcção ao verdadeiro sentido de ser humano.
Vivendo da exposição do meu corpo em quietude, necessito deste tipo de exercicios para que durante as minhas performances nada se rotine e tudo seja sempre uma aprendizagem.
Acho muito bem que as pessoas corram, nadem, vão aos ginásios etc, mas seria muito bom que de vez em vez fizessem também uns exercicios de pensamentos. Nesta materialista maneira de viver esquece-se muito aquilo que não se vê.
A partir deste presente o ser humano só evoluirá com mais felicidade, quando entender que o pensamento também é molecular.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

tempo da dificuldade inicial



A roda da vida leva-te a seguir para as grandes planícies da magia da trindade, onde és como uma semente que germina, onde passas a ter inversos e a possibilidade perigosa de te confudires com eles, aqui reconheces melhor o teu oposto do que os teus semelhantes. É um tempo de dificuldades iniciais sem maneira de lhes fugir senão tornando-te no teu inverso.
São também estas dificuldades iniciais que primeiro te relacionam com a sabedoria, embora ela por enquanto apenas te espreite do lado do teu oposto.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Lusidiário 1



Mudam-se as vontades, mudam-se as verdades
Muda-se o sistema, muda-se a militância
Toda a política é composta de ganância
Tomando sempre novas desigualdades

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Tempo da receptividade


Quando percorres o caminho daqueles que recebem já és o oposto daquele que antes eras, mantendo contudo a tua integridade básica. Possuis ainda a ordem primordial na tua construção e já estás o mais afastado possível daquele que foste no Grande Início.
in "O Livro do Destino"

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Tempo da Semente





Quando criado és um dos seres sem inverso e o oposto daquele que recebe, sem mutações na tua base construtiva; és a Totalidade assimétrica do Grande Princípio; inicias aqui o perfeito início da tua caminhada no Tao do Tempo.




in "O Livro do Destino"

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

outro campeonato


Soube hoje da existência de um novo campeonato europeu de estátuas vivas em Lommel, Bélgica. Já havia o campeonato mundial em Arhnem, Holanda. Depois dos encontros e festivais de estátuas vivas por todo o mundo, incluindo Portugal, começa agora a febre dos campeonatos, que mais não são que encontros ou festivais apenas com outro nome. Um campeonato a sério, tipo volta a Portugal, ou ao mundo, em quietude, é uma ideia para a qual tenho procurado apoios, mas nada. Mas não desisto. Quem faz da quietude controlada a sua manifestação sócio artística, ou para-artística, como quiserem, durante 22 anos, e está preparado para continuar depois de morto, devidamente embalsamado, poderei continuar a expôr o corpo humano em quietude, dessa vez, involuntária e morto. Só aí terei deixado de lutar por esta para-arte que a tantos vai encantando mundo fora, a solo, em encontros, em festivais ou em campeonatos.
Ontem fui tentar normalizar a minha situação fiscal, mas para aqueles lados, continuo a ser metido no saco dos outros artistas, só podereri descontar os gastos inerentes às minhas estátuas vivas quando tiver escrita organizada, IVA, etc, profissão de desgaste rápido, nem pensar.Nem profissão quanto mais de desgaste rápido. Que falta de respeito tem este país por tantos cidadãos, desde os camponeses aos artistas. Continua-se por aqui numa de Dr. ou trafulha para cima, os honestos continuam a ter poucas hipóteses de vidas dignas. Eu parei um dia. Nem assim me deixam descansado.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009


De cada diferente vez que julgo estar a pensar numa mesma coisa
Reparo que é noutra parte dessa coisa em que estou a pensar.
Quem escolheu como Caminho de vida ter apenas capacidade para ter
Em vez de possuir para ter cada vez mais
Está mais perto de si próprio
Seja qual fôr o pensamento.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

22 anos de estátua viva


A estátua viva moldou-se ao meu corpo nas Ramblas em Barcelona, decorria o ano de 1987. A partir desse momento, as ruas e as praças do mundo foram e são os palcos da sua plenitude. Contudo muitos outros têm sido os seus cenários: Televisões , teatros, expos, feiras internacionais, centros de congressos, hotéis, escolas, bibliotecas, montras de lojas, centros comerciais, casinos, discotecas, bares, castelos, stands de automoveis, estádios, jardins, museus, galerias de arte, aeroportos e até igrejas. Desde a apresentação livre nas ruas até apresentações mais ou menos comerciais, é a estátua viva que alimenta o corpo que a constrói.
Esta performance tem como base o Pranayama, a meditação e a construção plástica.
Ao exibir-me como estátua viva tento alertar o público para a validadeou não de muitas outras actividades. Tento ainda parar um pouco os stressados Sapiens que frenéticamente correm todos para a mesma morte.
No silêncio contido na força da minha quietude ferve momento a momento o grito da liberdade dos indivíduos autênticos.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

CRISE S.A



Quando Phroudon pensou que toda a propriedade é um roubo, muito possivelmente já tinha reparado na Lei de Lavoisier. Nestes tempos ditos de crise, aos quais eu prefiro apelidar de tempos de gatunagem fractal, rouba-se aos milhões sem vergonha na cara. Qual crise qual quê? Na terra nada se ganha nem nada se perde, tudo se transforma. Enquanto houver uns quantos a assambarcar hiper fortunas, sejam gestores, políticos, banqueiros, futebolistas, estrelas de hollywood,patos bravos, cheiques do petróleo, negociantes, gangsters, ou qualquer outra coisa, as massas pagarão as consequências. Para uns terem demais, outros não podem ter. Tão simples como isto.
Sempre houve a doença da grandeza e do poder, já houve donos de quase toda a terra conhecida e o mal continua. Enquanto a consciência dos explorados não atingir o ponto de ruptura e a completa ausência de medo, os maníacos das grandes posses continuarão o seu caminho até sabe-se lá onde. Já alguém afirma que em reuniões secretas dos grandes senhores do mundo se bebe sangue de crianças em ritual. Para os donos do jogo não há crise, eles sabem bem o que se passa, são eles que a criam. A crise é um estado de alternância onde não há volta a dar ao mesmo ponto de partida. Quando as verdadeiras pessoas abrirem os olhos poderão ser bem aproveitadas para o caminho da sociedade do bem. Em latim é o mesmo que vento. No Capitalismo é apenas outro dos nomes que têm os negócios.