quinta-feira, 17 de novembro de 2011

manifesto




Todos os patriotismos estão dentro da minha retrete
Todos os hinos foram entoados por mutilados e
o céu ainda fica longe da minha janela
e a democracia é uma vaca parida por um porco
no curral das maiorias.
Faço apelo aos anjos não castrados, aos bichos-de-
-seda que vivem fora do casulo inidimensional para
que cantem o hino da salvação dentro das secções pú-
blicas sem selos fiscais na língua e que todos os
autoclismos funcionem bem, de modo a que o Primeiro
Ministro se aperceba que é ministrado.
Faço apelo para que o leitor diga bom-dia à porteira
e ao seu carro e ao seu fato, pois todo o instrumento é
susceptível de comunicação e
tudo o que é comunicável parece susceptível de solidão
nesta sociedade de caricas, berlindes e outros brindes.
Faço apelo aos filhos da puta que se encontram em todos
os bares, em todas as esquinas para que reconsiderem a sua
própria automatização e resolvam capar os limites da cabe-
cinha e da pilinha, enfim.
Faço apelo a tudo o mais e ao resto porque creio que toda e
qualquer transformação seria desejável

in 'Proposta de anarquia corporal' sem erva, sem ácido, sem nada

de Ricardo Figuinha