quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

É Natal!


Finalmente consegui o reconhecimento da minha opinião sobre o natal, não fui convidado por ninguém para jantar! Não vou aqui falar da mentira histórica, nem da falácia religiosa, porque as mentiras dos poderosos originam fés e essas são dificeis de rebater e nem isso me interessa, a cada louco a sua loucura. Neste dia em que até muitos daqueles que se dizem prá frente estão agora sentados nas sagradas famílias, eu sinto mais uma vez orgulho da minha postura anti-hipócrita em relação aos tabus sociais.
Obrigado a todos por não me terem convidado para jantar!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A pornografia dos gestos de poder


Já entendi a pornografia dos gestos de poder. Em cada político, em cada banqueiro, em cada especulador, em cada empresário anónimo, em cada patriarca de qualquer seita ou religião, em cada general, o que se vê são simulacros de pessoas. O que verdadeiramente todos eles escondem é a sua fome de poder, as suas orgias de vaidade, as suas manias de controlar o próximo à semelhança das suas sombras.
Enquanto houver pessoas com medo da dor e com medo da morte serão sempre os viciados no poder a tratar da saúde ao pessoal, ora com mais dor, ora com menos dor, ora com mais mortes, ora com menos...
Ter medo é o que o medo quer...
A eles dá-lhes jeito.
Só a liberdade total e individual e a total ausência de heranças desiguais na transmissão de bens ou de dívidas, fará com que aos poucos as pessoas recuperem a máscara própria da nossa espécie.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

''estátuas''

Ao ver hoje o filme ‘ Abre los ojos’ mais uma vez uma tentativa de estátua viva fazia parte da paisagem urbana. Recordei outro filme que vi e onde acontecia o mesmo, ‘Amelie’. Que distante está o tempo em que eu me desmaquilhava com água do mar e quando me imobilizava se imobilizavam comigo pequenas multidões. Hoje continuo a fazer do meu corpo a minha plataforma de comunicação artística utilizando a quietude expressiva. Em muitos locais já não causo surpresa, já há tentativas de estátuas vivas em quase todo o lado, até nos filmes e nas telenovelas. Continuo contudo a desafiar a sua atenção e a sua paciência, para conseguirem apreciar o meu show têm que ser capazes de esperar. De mim nunca esperarão qualquer mudança de postura depois da moedinha, normalmente e no máximo, um cumprimento minimal a uma criancinha ou um simples agradecimento em forma de desiquilibrio.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

quando durmo




Quando durmo
Vejo realidades projectadas no lado de dentro das minha pálpebras
Há quem lhe chame sonhos
E quando me vejo lá a mim
É porque já lá estive
Ou ainda lá estarei
Quando durmo
Os tempos misturam-se para a frente e para trás e por vezes até de esguelha
E quando acordo
Apareço numa realidade projectada no lado de dentro das pálpebras
De qualquer outro que está a dormir
Há quem lhe chame
pesadelos

Portugal, 30 de Outubro de 2008


Portugal, 30 de Outubro de 2008. Continuo baralhado com o nome: Portugal ou Républica Portuguesa? Qual o nome oficial?
Mesmo com o PIB per capita a ser um dos menores de toda a Europa Ocidental, consegue estar no ranking dos vinte países do mundo com melhor qualidade de vida. Por aqui exige-se pouco pela felicidade.
Brácaros, Célticos, Coelernos, Equesos, Gróvios, Interamicos, Leunos, Luancos, Límicos, Narbasos, Nemetatos, Calaicos, Cónios, Mouros, sem esquecer os Lusitanos, fizeram deste jardim à beira mar plantado, uma arena onde o fado cada vez tem menos esperança.

Ainda há gente boa




Ainda há gente boa! Uma alegria que não sei se é só portuguesa. Talvez noutros países, se pense que maioria das pessoas são boas. Por aqui não. Nesta sociedade escriturada por D. Afonso Henriques, a regra é mais, conseguir escapar ao cerco dos maus. A falta de confiança deste povo foi herdada da confiança que tinha a mãe desse filho chamado Afonso.


domingo, 28 de setembro de 2008

flash


Olhando por cima das cabeças de gente que me olha nas ruas
Sinto nirvanicamente um dos motores da humanidade
A atracção pela adrenalina do desconhecido
E a saudade quimica do sentir dos prazeres do passado

Na quietude tudo começa e tudo acaba


Hoje aos 28 de Setembro do ano de dois mil e mais oito, 21 anos passados sobre aqueles tempos em que decidi estar mais parado no espaço e fazer disso uma provocação artística e uma exposição do esforço de estar vivo. Aquela eterna luta contra a gravidade. Hoje, escrevia, reparei que buscando por estátua viva, no procurador universal google, obtive 524.000 resultados ( um milhão e oitenta mil quando a procura é em inglês). Invrível como esta atitude de estar parado, se tem alastrado. Eu fico contente e orgulhoso, estar quieto conscientemente é um exercício supremo, é o silêncio da coragem, é o domínio de todos os impulsos e é acima de tudo, a exposição da representação das capacidades da vontade.
Há vinte e um anos mudei as coordenadas da minha sobrevivência total quando descobri que imobilizando o meu corpo no meio das multidões, fazia desacelerar o passo a muita gente e mexer-lhes na cabecinha da várias maneiras .Pão para a barriga, kms para os pés, arte para as ideias e sinceridade no amor. Em qualquer rua, em qualquer praça, em qualquer espaço feito pedestal, fui misturando as dores do esforço com a magnânime felicidade de estar em uníssono com o vibrar dos olhos que me olham em redor. Sou um arauto da quietude expressiva,um profeta da vontade.
Na quietude tudo começa e tudo acaba. É importante ter a noção disto para não participar em tanta correria frenética atrás dos truques dos magnatas de todos os enganos.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

nos rios da vida

Navego no rios da vida
Ao sabor das correntes da minha coragem
Na minha bagagem
Levo apenas o necessário para ir navegando...

De cada lado de cada margem
Todos querem vender-me uma coisa qualquer
Desde coisas inúteis até corpos de mulher
Até o descanso no paraíso já me acenaram

Levo apenas o necessário para ir navegando
Com as velas da minha solidão
A aproveitarem o máximo o empurrão
Dos ventos da minha vontade

Na minha bagagem
Cada resto é uma totalidade
Na minha realidade
Cada memória é um caminho

hãToino de Lírio

sábado, 24 de maio de 2008

os esfomeados não morrem de cancro


Os esfomeados não morrem de cancro
Ou Proudhon upgrade

Vigiados pelos cães do poder com olhos automáticos
Inspeccionados pelos missionários dos costumes do lucro
Espionados por vizinhos bufos e profissionais da espreita
Dirigidos e regulamentados pelos maníacos da esperteza parva
Legislados por mentirosos profissionais
Cercados pelas polícias e pelos exércitos
Endoutrinados e evangelizados por partidários de caminhos únicos e pelos profetas do capital
Controlados pelos chefes de turmas várias do engano
Avaliados por analistas de encomenda
Apreciados por gestores de roubos colectivos
Censurados por moralistas pedófilos
Anotados pelos escribas da estupidificação global
Registados, recenseados, averbados e carimbados pelos técnicos primários da burocracia
Apreçados e explorados por patrões calões
Medidos pelos psicométricos do sistema
Cotados pelos operadores das bolsas das desgraças
Quotizados pelos secretários de qualquer rebanho
Patenteados pelos doutores da vaidade
Despidos pelos gatunos da legalidade
Autorizados , admoestados, impedidos e postos fora pelos senhores da obediência incondicional
Ensinados, corrigidos e influenciados pelos tarados das grandes verdades
Levados a contribuir, extorquidos,enganados e roubados pelos tribunos dos santos tributos
Monopolizados pelos especialistas em controlo de massas
Esmagados pelos generais com as estrelas da morte
Mistificados pelos propagandistas de qualquer interesse
Reprimidos, presos, sitiados, desancados, garrotados e metralhados e fuzilados pelos carrascos de sempre
Vilipendiados pelos oportunistas sempre á espera
Vexados ,vendidos, descompostos, traídos, desonrados e ultrajados por filhos da puta que até podiam ter sido amigos
Julgados, condenados e deportados pelos juízes sem vendas nos olhos
Sacrificados pelos papas e outros ministros das grandes mentiras celestiais


Escondem-se na sombra da liberdade
E alimentam-se com a coragem de não terem medo
De nenhum governo de filhos da puta


hãToino de Lírio

terça-feira, 6 de maio de 2008

carta aberta a um indigente


Carta Aberta a um Indigente Ou Treinos para o fim da linha

Aleluia a Ti que resistes a todos os sócios de todas as sociedades e comanditas , Aleluia a Ti que te alimentas dos restos de todos os restos, Aleluia a Ti que consegues dormir aconchegado na tua ausência de esperança. Aleluia a Ti que não proclamas Aleluias a nada.
Muito possivelmente já não sabes ler mas mesmo assim eu escrevo-te na mesma, algum camarada de destino te lerá esta carta que pretende ser um hino à tua coragem e à tua força. Oiço muitos tecnocratas da solidariedade dizerem que estás perdido, que perdeste todas as forças etc, etc; Se tivessem lido Fernando Pessoa talvez tivessem mais cuidado com as palavras, pois até aos loucos tirava ele o chapéu por tudo terem perdido menos a razão. São esses mesmos tecnocratas que te convidam uma vez por ano (no Natal) para uma jantarada onde lavam as suas mãos de qualquer responsabilidade pelo teu estado; mas tu nunca apareces, conheces muito bem a sua hipocrisia. Não preciso de perguntar a ninguém para saber as quatorze mil e quinhentas razões ou a falta delas, que te despejaram no lado escuro das ruas, no lado feroz da vida, no vazio da civilização contemporânea. Tu podes não Te lembrar de mim mas eu já estive a teu lado, já fui acordado à coronhada por polícias ditos civilizados, a meio da noite, quando apenas dormíamos numa casa em ruínas. Já bebi contigo vinho ordinário daquele que até para cozinhar é mau, já partilhei contigo aquilo que também não tinha, já tomei contigo Valiums fora de prazo para o sono vir mais depressa. Mas eu não aguentei muito tempo, faltou-me a força para desistir completamente e Tu foste meu amigo, recordo-me bem: vai camarada, vai que tu és preciso do outro lado da linha! Disseste-me Tu quando eu arrumava os meus poucos trapos e te deixei de recordação o meu único chapéu, por acaso de Lord Inglês, que um outro amigo me tinha oferecido noutra maré de tempos e de sortes. Criei entretanto algumas pontes instáveis com a sociedade, embora não consiga sustento para ter as cotas em dia, fiz da minha luta o meu ganha pão, fui pai e fui-te encontrando de tempos a tempos, mas tu dizias-me um olá rapaz! E afastavas-te …até hoje é assim! Com esta carta não te venho pedir para que voltes a beber um copo comigo ou que apenas não te afastes, não te venho pedir nada, porque eu sei que nem nada tens para dar. Escrevo-te para te dizer que compreendo completamente a armadilha de que queres fugir, escrevo-te para te dizer que nunca mais te direi para pelo menos tirares o BI, escrevo-te para te lembrar que mesmo aqui no fio da navalha da dita vida um pouco mais normal não te esqueci nem te esquecerei e que admiro a energia que te faz resistir fora de qualquer jogo e sem fazer mal a ninguém. Escrevo-te para te dizer que ainda hoje prefiro a tua companhia à de qualquer filha da puta desses normaizinhos e bem comportados que nada mais fazem senão jogar á hipocrisia, ao engano e á exploração de outros homens entretanto piores do que tu embora no aconchego quente dum lar que os aprisiona. Já passei por ti a dormires na soleira dum pedestal duma estátua duma praça imperial e não te acordei, não quis quebrar o calor que recebias naquele momento e que tanta falta te faz. De mim nunca ouvirás nem sermões, nem conselhos para vires para este lado da vida, mas se um dia a tua vontade o quiser, o primeiro bem-vindo irmão! será o meu. Bem hajas! E que nos teus sonhos esqueças a dor do teu corpo e exista a tua verdadeira vida!
hãToino

carta aberta a Deus

Excelência Altíssima.
Hoje ao pesquisar no Google por Deus verifiquei a existência de 37 000.000 de entradas, quando procurei por god a fasquia subiu para 511 000 000, quando coloquei Dieu obtive 36 900 000, Dios 51 700 000 e mais não procurei. Continuas muito falado por estas bandas do universo, o que me faz elevar a parada nesta tentativa de comunicação com tão Altíssima Figura. Antes tentei estabelecer contacto Contigo ( com todo o respeito) de variadissimas formas: desde a oração até à meditação passando por tentativas ainda mais incríveis como a telepatia, a auto hipnose, as substancias alucinogenicas, o choro compulsivo, a dor e o jejum. Nenhuma resultou. Esperando muito sinceramente que Sejas melhor no domínio das línguas humanas do que no domínio das relações humanas, aqui vai em português aquilo que há muito ando para Te dizer. Vai na forma de carta aberta por desconhecer o Teu domicilio e contando com a possibilidade de alguém ao seu serviço Ta poder entregar. Não pretendo dirigir-me a Ti enquanto Senhor Supremo do judaísmo do zoroastrismo, do islamismo, do Sikhismo, do bahaismo ,dos Cristãos, dos Hindus, dos Taoístas, dos Índios vários Americanos, dos Celtas, , dos Atlantes, dos Gregos, dos Romanos, dos Mongóis, dos Aztecas, dos Papuas ou de qualquer outro povo que procura em Ti a origem de Tudo. Esta carta é dirigida ao Glorioso Criador de Tudo.
Pai Ausente ,desde muito pequeno, ainda antes da catequese católica que me tentou codificar, já formulava uma questão em relação a tão Grande Arquitecto que Tudo Construiu que ainda hoje ninguém me respondeu: se de Tudo és Origem, onde está a Tua Origem? A questão que também desde longa data me atormenta é a proliferação de uma casta humana auto designada representantes de Deus na Terra. A muitos deles não levo mesmo nada a sério, a outros sou obrigado a levar, tanto que eles interferem na minha vida. Não te peço que me desculpes por nada daquilo que eu te escrevo, todas as palavras que Te dirijo são apenas ideias de um simples mortal que além de não terem poder para, também não te desejam qualquer mal. Talvez o único incómodo que pretendo causar-te é Dignares-te responderes-me sem eu ter que morrer primeiro (que é o que é tido por aqui como a única maneira de Contigo comunicar ). Clemente e Misericordioso Ser qual é o Teu interesse em continuar a existir tanta dor no Mundo? Qual a Vantagem de Permitires que Te tratem de tantas maneiras e ainda por cima admitires, autorizares e assistires a tanto sofrimento, a tanta estupidez, a tanta hipocrisia, a tanta canalhice, a tanto jogo, a tanta mentira em Teu nome? Alguns dizem que quando fechas uma porta abres uma janela e minha mente nisso mais não alcança do que a memória de um amigo que já partiu que vivia numa ansiedade permanente de estar sempre a fazer qualquer coisa.
Há quem Te Trate por Salvador e eu por cada criança que vejo morrer com fome, por cada inocente espancado até á morte, por cada indigente a apodrecer nas ruas, por cada orgasmo derramado em corpos na idade da inocência , por cada torturado nas mãos de semelhantes, Imagino-te atarefado talvez a desviar planetas de colidirem com a Terra, será? Tu que tens o Poder Supremo sobre Todas as Coisas terás necessidade do Mal para existires? Tu que podes estar presente em Todos os Lugares, como sentes o sofrimento de quem sofre? Tu que tens o Poder de Saber Tudo porque precisas de tais experiências no Teu Laboratório de Ensaio da Vida?
Supremo Ditador, será que o Bhagavad-Gita, o Tanakh, o Avesta, a Bíblia, o Livro de Mórmon, o Guru Granth Sahib, o Bayan, o Kitab’i’Aqdas só para mencionar os mais lidos, foram Livros que quiseste realmente publicar ou foram mais uma experiências que resolveste fazer? Haveria ainda a possibilidade de terem sido escritos sem o teu consentimento, mas das duas uma: ou És o responsável directo, ou És o responsável indirecto, porque tu És o Único Responsável. Ou escolheste Moisés, Zoroastro, Jesus Cristo, Maomé, Guru Nanak, Báb e Bahá’u’lláh para nos falarem de Ti ou então todos eles alucinaram e Tu deixaste seguir a história o que vem a dar no mesmo. E quanta dor não foi gerada na Grande Teimosia dos Livros Sagrados em que cada um derrama o seu sangue nas páginas da sua Verdade, se És Único porque permites que te façam o retrato de tanta maneira? Criador do Universo, há quem te consiga explicar apenas pela Razão, outros acrescentam-te a Revelação. Eu explico-te pela Palavra e pelas palavras agora tento chegar a Ti, sem medo de qualquer Medo ou de qualquer inferno pela ousadia. Ao existir sou igual a Ti pelo menos em duas coisas: Criei o meu mundo e não sei quem me criou a mim ( se Foste realmente Tu é uma das coisas que com esta carta pretendo que me digas sem intermediários na comunicação.) Outra Grande Questão que gostava que me elucidasses era se ainda te lembras (não sei se tens memória ilimitada) quem te dirigiu a palavra pela primeira vez, antes daqueles que escreveram as tuas biografias autorizadas ou não. O primeiro homem que se dirigiu a Ti foi a pedir ou a oferecer? Foi num sonho ou na vigília? Foi com medo ou com alegria? Há quem pense que o destino do Ser Humano na Terra é adorar Deus, outros pensam que Criar-te é que é o nosso Destino. Doutos Filósofos te construíram já de muitas maneiras, um até te imaginou como única possibilidade de perceber se as representações da realidade corresponderiam ou não à mesma realidade e teve êxito, Vê lá Tu!!! Muitos não acreditam na tua existência, eu ao escrever-Te acredito, ao interrogar-Te imagino-Te, ao esperar a Tua Resposta inicio a tua Eliminação no espaço mental da minha existência. Qual a tua necessidade de nenhum homem Te poder ver? Infinito Ser, a fé move montanhas e as montanhas vão a Maomé, é também esta fé que alimenta e fornece o Teu Ser a muitas almas, claro que podes sempre ser Tu por detrás a manejar os cordelinhos dessa fé e se assim for parece-me batota; deixa as pessoas ter uma fé genuína, não manipulada nos bastidores do Teu querer, se acertarem acertaram, senão, deixa andar, não é a única matéria em que deixas o pessoal escorregar na lama do Grande Erro. Lembro-me a este propósito que, também em criança, ao ver os filmes de Natal, o Teu Filho mudava de ano para ano e aquilo fazia-me confusão. Também me faz ainda confusão Teres tanto nome conforme a situação ou o local. Seres Único e não pareceres parece-me também batota Divina. Já sei que não jogas aos dados e eu por isso não quero fazer de novo a Aposta de Pascal que diz que: Se eu acreditar em Ti e nas escrituras e estiver certo irei para o paraíso. Se estiver errado não terei perdido nada. Se eu não acreditar em Ti e nas escrituras e estiver certo não terei perdido nada. Se estiver errado mandar-me-ás para o Fogo Eterno. Quero que Sejas Tu a não me deixar apostar, a cumprires o teu papel de Grande Pai, a não me obrigares a acreditar em ti, a responderes-me apenas a estas simples perguntas que procuram saber se Estás para Além de mim ou se Estás em mim já que até aqui nunca te consegui ver como Aquele que tudo Contém mas sim como Aquele que tudo forma. Não preciso de ser ajudado a acreditar em Ti. Se me esclareceres acredito, se não fica tudo na mesma e eu não terei perdido nada. Só se perde o que se tem e nunca o que se poderá vir a ter. Entre mim e Ti, pensado do meu lado existe a maior linha de tempo evolucionário; assim sendo Tu a origem eu poderei ser a Tua evolução, logo eu serei o Todo menos o que me falta descobrir em Ti; quando me responderes os dois seremosUm; mais uma das razões desta carta: mais uma tentativa humana de fazer a vida ter algum sentido. Nem que seja para trás! Quando Tagor escreveu “Cada criança, ao nascer, traz-nos a mensagem de que Deus ainda não perdeu a esperança nos homens.” Esqueceu-se de acrescentar de que quando a Deixas morrer embrenhada em sofrimento antes de se realizar como pessoa fazes com que os homens percam a esperança em Ti. Por isso te peço para mudares de estratégia e achares que já é tempo dum novo paradigma Divino em que o tempo seja de Bem e de Luz. Não tens nada a perder. Bem, há pouco por pouco não perdi este texto todo! Brutal trovoada que fez ir o computador abaixo! Era um sinal Teu? Ou foi coincidência? Newton viu-Te caminhar por entre a maravilhosa disposição e harmonia com que construíste o universo, eu também te consigo imaginar entediado com tudo isto e contigo próprio depois de perceberes que te falta uma capacidade: a autodestruição! Muitos só compreendem as coisas com a Tua ajuda, com a ajuda Daquilo que não compreendem. Por muito que acreditem em ti, quando rezam vão também remando para a margem, como os russos. Quer sejas Uno ou Múltiplo Abrangente, quer sejas o que preenche todo o Vazio ou que contém Todo o Completo, escrevo-te esta carta á qualidade que Te imagino de Inteligência Primordial. Não te desejo meu semelhante nem meu antagonista, quero apenas que entendas que a minha necessidade de entender-Te chegou até aqui, até ao ponto de te exigir respostas directas, certo de que estou que muitos dos ditos teus intermediários mais não são do que oportunistas da Grande Desgraça, do Grande Medo e da Eterna Esperança. Muitos até a salvação pretenderam e pretendem ainda vender, outros detonam explosivos atados à própria cintura acreditando que os vais recompensar no paraíso e mais não preciso de te contar pois Tu tudo conheces; Deves até conhecer o que eu vou escrever a seguir ou não e quando começo a pensar nessa possibilidade começo a perder o balanço e vou então ficar por aqui esperando pelas Tuas Respostas às perguntas que em mim Colocaste. Podes mesmo responder numa carta aberta dirigida a um humano versão 44.2006.masculino. Grato pela atenção dispensada me despeço embora reconhecendo a impossibilidade de me afastar de Ti.
hãToino

sábado, 9 de fevereiro de 2008

treinos de morte, exercícios de vida


fábrica de prazer

Nos intervalos da minha intimidade
Quando saio das rígidas fronteiras do meu pensamento
Transportado pela força da minha quietude
Sento-me em pedras feitas de sol
Olhando no horizonte arco-íris feitos de estilhaços de sorrisos
Que um dia foram para mim
Naqueles tempos em que era um amante inocente
E pensava em ser doutor de qualquer coisa

E depois quando regresso ao lado de dentro das grades do meu ego
E sinto o calor do sangue a aquecer-me os músculos
Nem as sombras da morte que me espreita me assustam
Tudo é música dentro e fora de mim
Sou uma fábrica de prazer
Aqui e agora
Neste pedestal
Onde sou um monumento em honra do amor.