Mudas o tamanho da letra
para poderes escrever melhor
E começas a escrever
A velhice não perdoa e não é só na vista
A tesão pode ser a mesma
Mas a mecânica corporal reage com frequências mais longas
Cada maleita traz outra atrás
Se não tens seguro tás fodido
Se és sem abrigo, estás nas mãos do acaso
Ou de Deus (há ainda essa doença)
e por estas e por outras que daqui nascem
És abandonado
Como se nunca nada te tenham prometido
Porque tudo tem desculpa
perdão é que não pode ter
Mas o que interessa é conseguires ser
No mínimo aquele que eras antes
Porque o que fores a mais
Pode ser contaminação
Do sonho que viveste
a pensar que era real
Vai o mundo de mal a mal
O respeito agora é retórica
E o amor está contaminado com paixão
cheia de vida própria
Sem nada de concreto na direcção
Que se foda
Prepara-te para outra
mesmo adivinhando
Que te poderá acontecer uma repetição
Bem parecida
De belo sorriso
Como aquelas que já passaram
Desilusão2.019 hãToino de Lírio
in ''Poesia com azia''
Assim como não há Caminho sem obstáculos, não há Caminhada sem Cansaço. Por vezes tenho que arriscar a vida para seguir o meu querer. Aqui e agora é útil não falar muito e utilizar a tranquilidade para estabilizar a força que me falta. Não está longe o momento em que alcançarei a nascente de outras águas puras, com as quais recuperarei todas as energias que agora não tenho. Escondida em qualquer recanto da minha tristeza, deverei guardar um pedacinho de alegria, que me aguentará até chegar à nascente.
No meu interior, mesmo diante deste momento, existe um poço que me atrai para as forças mais obscuras da existência. Deverei manter o alerta para não esquecer que o poço apenas servirá para me matar a sede e não afogar-me até à morte.
A causa imediata desta angústia sofrimento foi a minha teimosa crença na beleza; tanto contemplei a princesa do meu amor que me fui esquecendo que só contemplando as diferenças entre os humanos, poderei organizar o meu mundo no mundo dos outros.
Posso e devo fazer muitas coisas apesar das maleitas vindas de trás, somadas ao choque que agora sofri. Valha-me o Poder que sinto, mais forte do que qualquer possível bruxaria antiga ou de agora, que me tenham lançado.
São as pessoas inferiores que limitam e oprimem as pessoas superiores. Mesmo os caciques, déspotas e ditadores, só limitam e oprimem os povos, utilizando como cães de guarda os seres mais inferiores desses povos. É pois falsa a acusação de que fui alvo, eu nunca limitei ou oprimi alguém, no máximo poderei ter sido demasiado cuidador ( mesmo agora estou a cuidar da minha dor).
Mais uma vez amar alguém sem reservas me conduziu a esta parte do meu destino onde reina a mágoa. Entretanto se permanecer fiel a mim mesmo, não haverá escuridão nem melancolia, que me arrastem para caminhos sem esperança.
Vai doer mais e mais tempo, contudo são as dores os alarmes de segurança dos seres vivos. Se me não doesse a morte da minha querida mãe há um mês atrás, somada à dor do choque do auto-afastamento da minha princesa, se nada me doesse, escrevia eu, aí sim estaria já morto.
Apetece-me partir, deixar para trás tudo o que construí com amor a pensar numa vida a dois, mas não o devo fazer, estou doente e impreparado.
Acabou-se o tempo de encontrar a minha princesa, ela decidiu partir de mim. No vazio dela que dentro de mim ficou, jaz agora bem morto, o princês, que ela em mim tinha construído com a sua bela voz e sorriso.
Filho, quanto mais te doer, mais deves levantar a cabeça! frase sábia da pessoa simples que é o meu pai.
Desculpai-me senhores do poder, mas quando me impõem que tenho que fazer isto e aquilo para aumentar o PIB da nação, aquilo em que cada um de vocês pensa e deseja é no vosso FIB ( felicidade interna bruta). Aumentar o PIB é uma desculpa para serem mais felizes, à conta da infelicidade de quem vos põe no poleiro e depois vos paga as contas.
Abaixo o PIB, viva o FIB, mas não só o vosso. Eu e todos os outros também somos gente.